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Quando o corpo pede pausa

5 meses depois da quarentena meia boca que as pessoas decidiram fazer, seguimos no meio de uma pandemia, ainda que as pessoas finjam que tudo está voltando ao normal. 

Inclusive vale lembrar que não é porque você ou o estabelecimento "está tomando todas as medidas de segurança" que o vírus simplesmente desaparece. O COVID chega no seu ouvido e fala manso "pô, verdade. nem vou entrar aqui, tem álcool demais da conta, dá pra mim não".

Piadas a parte, felizmente meu trabalho foi mantido (e triplicado!), to com as contas em dia e a operação segue firme e forte de forma remota há 5 meses completos. Pretendo seguir dessa forma pelo tempo que for necessário pelo meu bem e pelo bem da minha equipe. 

Um privilégio que estou tendo a oportunidade de viver, que reconheço e agradeço todos os dias. 

E estar trabalhando em casa, inevitavelmente, fez com que eu diminuísse o tempo de deslocamento e preenchesse esse tempo de sobra com mais atividades. 

Fiz vários cursos online, aprendi coisas novas, me aventurei nas artes e na criatividade. Li vários livros, vi muita série e muito filme. Aprendi a tocar novos instrumentos musicais. Mudei minha alimentação, sigo meditando todos os dias e incorporei o exercício físico na minha rotina - Yoga e Pilates online me ajudando a evitar a dor nas coluna. Iniciei uma nova pós-graduação online. Sigo cantando num coral online. Retomei as postagens no Instagram profissional.

Só que agora eu tô exausta. 

Meu corpo e mente estão sobrecarregados de atividades e eu rogo todo o momento por um tempo livre de ócio. Eu rogo por qualquer minuto para estar livre para fazer nada. 

Minha mente se iludiu achando que mais produtividade significa estar mais ocupada. 

ops. 

Caí na armadilha da mente de novo. 

Na vã tentativa de me sentir útil e importante para mim mesma, fui ludibriada pela ilusão que tudo na minha vida precisa ser agendado e minha agenda precisa sempre estar cheia. Não percebi que justamente é o respiro que faz a diferença e deixa as coisas mais leves e saudáveis.

Agora estou num movimento de me organizar para não espanar novamente. 

Preciso me observar para não cair no buraco que sempre caio há anos. É bem difícil. mas quando o corpo pede pausa através de falta de concentração ou exaustão física, é um ponto pra se prestar atenção antes que seja tarde demais. 

Estou num movimento de pegar mais leve comigo, porque eu tava enlouquecendo. Sem conseguir dormir, sem equilibrar o sono, sem alimentação saudável e sem prática de exercícios não tem corpo que aguente. E tudo isso estava acontecendo comigo. 

Minha sorte é que percebi antes do burnout. Eu estava na beira, mas a mudança veio na hora certa. 

Quando a gente aprende a escutar os sinais que o corpo dá, faz toda a diferença: é mais fácil cuidar para não cair no buraco do que pensar em meios de sair quando já estiver dentro dele.

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