Semana passada voltei ao trabalho.
Depois de 3 meses de afastamento por burnout, finalmente anunciamos meu retorno numa nova função e gente, sério... fazia muito, mas MUITO tempo que eu não sentia um frio na barriga como senti dessa vez. E pensei em contar os bastidores aqui pra vocês. Vem comigo!
Quem acompanhou as últimas postagens aqui no blog deve ter visto que o processo de luto f*deu a minha vida em vários aspectos, e um deles foi o profissional.
Para dar um pouco de histórico e contexto pra você que está lendo: eu nunca medi esforços para crescer profissionalmente. Trabalho desde os 16 anos porque conquistar minha independência sempre foi prioridade. E pra isso, sempre foquei em aprender tudo que fosse possível, me aperfeiçoei, me especializei, me formei em vários cursos, fui aumentando minha rede de contatos e fui construindo meu império.
E quando digo império, por favor não me entendam mal pq tô beeeeem longe do Elon Musk. Me refiro mais à sólida construção intelectual, à segurança financeira, aos boletos pagos em dia, à comida saudável na mesa, ao conforto que proporciono para mim e para os que estão comigo.
A verdade é que sempre me realizei muito através do trabalho. Pra mim o trabalho é uma forma que encontrei de deixar minha marca no mundo, principalmente por trabalhar com educação e desenvolvimento de pessoas. Ensinar é a coisa que mais amo fazer na minha vida e eu não me imagino trabalhar com outra coisa enquanto estiver nesse plano terreno.
Quando casei em 2017, depois de muitos perrengues horríveis em relacionamentos, finalmente tive a oportunidade de viver uma parceria de verdade, principalmente no sentido de ter sonhos apoiados mutuamente. E enquanto tive minha própria família, nunca economizei esforços para garantir nosso conforto e que nossos objetivos fossem alcançados: trabalhava até mais tarde, fazia trampos extras, sempre estava criando meios para ganhar mais dinheiro sem necessariamente trabalhar muito mais - até porque o dia continua tendo 24 horas e eu tinha uma família para me dedicar. Nessa época, eu tinha alguém que iria usufruir comigo todo esse esforço. E eu gosto muito de compartilhar conquistas e não mensuro esforços para fazer feliz quem corre do meu lado.
Só que em Julho de 2021 toda essa minha dinâmica mudou. Por que, de repente, eu não tinha mais família. Era eu e a Paçoca. Só. Apenas. Não tinha mais nenhum outro ser humano com quem poderia compartilhar conquistas. Esse ciclo estava fatalmente encerrado.
Eu desabei.
Por que assim: como é que, de uma hora para outra você simplesmente explica para o seu cérebro que o ritmo que você estava seguindo nos últimos anos precisa ser mudado? Como que explica que agora não tem mais ninguém pra compartilhar o corre da vida? Como que explica que, de repente, as coisas não são mais como o dia anterior quando estava tudo bem?
Obviamente meu cérebro não entendeu na hora e continuou quase que como se "nada tivesse mudado". Depois entendi que psicologicamente falando, meu cérebro foi incapaz de processar esse trauma por um tempo: ele simplesmente ignorou os fatos e seguiu em frente no mesmo ritmo.
Minha psicóloga usou uma metáfora que me ajudou a entender: nos últimos anos eu tava acostumada a correr numa estrada lisinha com um carro excelente a 200km/h. De repente o luto veio como um desvio da estrada principal em forma de uma estradinha de terra, toda esburacada e cheia de pedra. Em vez de reconhecer que eu estava num novo caminho e desacelerar, meu cérebro continuou dirigindo o carro nessa estradinha esburacada a 200km/h 🤡
ÓBVIO que ia dar ruim. E deu.
(continua na parte 2)
Família é onde nosso coração pode sangrar sem medo e onde nossas dores são respeitadas acima de qq coisa e acima de qq pessoa.
ResponderExcluirSobre ter com quem dividir as coisas: leva-se tempo pra gente conseguir verbalizar e partilhar nossas coisas com os outros. Fim....Respeite o seu tempo, sempre! Beijocas, te amooooo Beijocas, irmãe
Minha linda queridona,só queria te dar um abraço bem forte.
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